segunda-feira, 17 de outubro de 2011


Mercado a galope, cavalo vira bom negócio.



Contemplativas, as cavalgadas caem no gosto popular e se espalham por vários estados. Pelo caminho, silêncio e contato direto com a natureza. Algumas são históricas, como a Estrada Real, que sai de Diamantina, Minas Gerais, e chega ao Rio de Janeiro, refazendo o antigo trajeto dos tropeiros e seus burros. Outras, no Pantanal, revelam a beleza e a rusticidade de uma região selvagem, que conserva intactos 85% de seu ambiente. Religiosas, as romarias levam à santa o pedido atendido e a súplica a ser feita. Muitas delas têm por destino Aparecida do Norte, SP. Já o enduro mistura o espírito competitivo, pois há vencedores e vencidos, às paisagens mágicas e ao cuidado extremo com a montaria - se o coração do cavalo descompassar, a jornada chega ao fim.

Mas, no sertão nordestino é barulho, poeira, vaqueiros, cavalos e bois exaustos. Num final de semana, sob o compasso do forró, em uma grande festa, cerca de 500 peões e 1.000 cavalos disputam um tipo de prova que virou febre no Nordeste e que desceu para outras regiões, como o Rio de Janeiro: a vaquejada. O sol, nesta região, é impiedoso - mais de 30 graus célcius - e pelo menos 30 mil pessoas assistem diariamente às duplas de cavaleiros derrubarem o boi pelo rabo em piques alucinantes e freadas bruscas. "Quase todas as cidades nordestinas têm suas pistas de vaquejada. É um esporte muito popular. Ganha do futebol e perde somente para as comemorações das padroeiras", afirma José Teixeira de Souza, fazendeiro que prepara animais para a competição. Os prêmios totais aos vencedores variam de 100 a 200 mil reais.
Cavalgadas, romarias, enduros, vaquejadas, turismo rural, provas de trabalho (apartação, laço de bezerro, tambor, baliza), competições de salto e adestramento, somados ao simples prazer de cavalgar, abriram um leque de opções que ampliou significativamente o mercado e está mudando o perfil da criação nacional de equinos. Sai de cena o animal de vitrine, o foco em provas de conformação que estampam a beleza, e entra no palco o bicho para ser realmente utilizado como montaria. "Tem o lado mais elitizado da criação, e ele difunde qualidade, mas o cavalo como montaria e companhia dá o tom nos dias de hoje, principalmente depois que o brasileiro percebeu que não é caro participar de eventos hípicos", afirma Djalma B. de Lima, leiloeiro há 35 anos e dono de uma empresa que contempla os dois tipos de público consumidor, vendendo de lotes de 100 mil reais a animais selados por 3 mil reais. "A época do cavalo como ativo financeiro ficou para trás. Isso é bom, atraiu para o mercado também a classe média urbana. Bancários, pequenos empresários e professores compram e mantêm animais em cocheiras particulares, pagando mensalmente", diz. Segundo Djalma, a crise econômica afetou os negócios, mas não houve abalo, devido à estrutura "sólida que está se formando e ao fato de a criação estar espalhada pelo Brasil.
Fonte : Globo Rural

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